sábado, 27 de março de 2010

DITADOS GAÚCHOS

A cavalo dado não se olha o pêlo

A formiga sabe que erva corta

A formiga, quando quer perder-se, cria asas

A gato velho camundongo novo

A má ovelha põe o rebanho a perder

A melancia de manhã é de prata, de meio-dia é de ouro, de noite mata

Acabou-se o que era doce; quem comeu, regalou-se

Agarrado que nem bosta na sola da bota

Aleluia, carne no prato, farinha na cuia

Amigo de todos e de nenhum, tudo é um

Amor, fogo e tosse, seu dono descobre

Antes que cases, vê bem o que fazes

Ao assustado a própria sombra assusta

Ao meio-dia, panela no fogo, barriga vazia

Arrodeia mais que mosca na bosta

As pessoa são qui nem os indivíduo

Barrigudo que nem girino

Beleza não me impressiona; conheço muito campo feio que dá boa aguada

Berimbau não é gaita

Bobagem é espirrar na farofa

Boi lerdo bebe água suja

Boi que se atrasa bebe água suja

Branco em rancho de palha faz desconfiar

Brigam as comadres, descobrem-se as verdades

Burro velho não toma freio

Cachorro comedor de ovelha, só matando

Cada hombre, como o cavalo, tem o seu lado de montar

Casa sem mulher é casa sem fogão

Casco de boi velho, onde senta, não escorrega

Cavalo bom e homem valente a gente só conhece na chegada

Cavalo manso é pra ir à missa

Cavalo torto não dá carreira direita

Chimarrão é bom pra clarear a urina e as idéia

China de se apresentar pra mãe

Churrasco de salgar com avião agrícola

Chuva de molhar bobo

Com esta corja, palavra não basta; ponta de faca e bala é que resolve

Com quem veste saia - mulher, padre ou juiz - não se brinca

Come para viver e não vivas para comer

Cuia curtida, mate bom

Cumprido que nem esperança de pobre

De caldo requentado e de ar encanado, guarda-te como do diabo

De cobra não nasce passarinho

De grão em grão a galinha enche o papo

De onde tu acha que não sai nada é que não sai nada mesmo

De reza não sabia um terço

Deus os fez, o Diabo os ajuntou

Deus tira os dentes, mas alarga a goela

Devagar se vai ao longe

Dinheiro na mão de pobre é como cuspe em ferro quente

Dinheiro, mulher e cavalo de andar, nada de emprestar

Dois tatus não fazem casa em um só buraco

É capando touro que se tem boi manso

É como cachorro de cego. Só matando

É na viagem que a bruaca se acomoda

Em boca fechada não entra mosca

Em mulher e cavalo novo não se mete a espora

Em tempo de guerra, mocotó é lombo

Emprenhar até china de delegado

Emprenhar até china de fiscal da Receita

Esse, nem pra catar bosta

Estômago de porco, paladar de urubu

Faca que não corta, pena que não escreve, amigo que não serve, que se perca pouco importa

Facão novo se quebra, não se dobra

Fala ao teu cavalo como se fosse gente

Feliz no jogo, infeliz no amor

Feliz que nem vigário de bucho cheio

Filho de gato apanha rato

Filador de bóia que nem padre de campanha

Fogo de palha, chuva de verão e raiva de mulher tem pouca duração

Fogo morro acima, água morro abaixo e mulher quando quer dar, ninguém segura

Frio de empedrar água de poço

Frio de renguear cusco

Gato que nasce em forninho não é biscoito

Gaúcho macho e grosso não come carne, rói osso!

Gordo e pelechado

Guaipeca não se mete em briga de cachorro grande

Hablar, no hablo, pero sapieco um pueco

Ir buscar lã e sair tosquiado

Isto não é casa de pai Gonzalo, onde a galinha manda mais que o galo

Jogo de mãos, jogo de vilões

Ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão

Macaco velho não mete a mão em cumbuca

Magro que nem perna de saracura

Mais arisco que potro novo

Mais engraxado que mão de açogueiro

Mais faz quem quer do que quem pode

Mais cheroso que penteadeira de china

Mais conhecido que parteira de campanha

Mais curto que coice de porco

Mais grosso que pneu de patrola

Mais alegre que pinto em quirela

Mais feliz que ganço em taipa de açude

Mais furado que peneira

Mais ligeiro que lambari em beira de açude

Mais liso que muçum ensaboado

Mais enfeitado que carroça de cigano

Mais gordo que porco de encerra

Mais devagar que lesma com cãibra

Mais grosso que joelho destroncado

Mais perdido que cusco cego em tiroteio

Mais perdido que cusco que cai do caminhão de mudança

Mais sério que guri cagado

Mais solto e largado que peido em bombacha larga

Mais enrolado que papel higiênico

Mais há quem suje a casa do que quem a varre

Mais velho que andar pra frente

Mar é igual a campo, com a desvantagem que afunda

Me dá uma posição porque o negócio está de pé

Mocotó de colar beiço

Montado na razão, não se precisa de espora

Mulher, arma e cavalo de andar, nada de emprestar

Não abre a mão nem pra espantar mosca

Não aquento água pra outro tomar mate

Não digas desta água não beberei

Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe

Não se apanha rato, apertando o rabo do gato

Não se aperta quem joga e anda em égua

Não sou branco, mas sou franco

Não te apodres que domadores não faltam

Não vou ficar para semente, mas gosto de andar no mundo

Ninguém é perfeito: só santo, e lugar de santo é no altar ou no céu, não neste mundo. Homem sem defeito não é bem homem

Numa briga de gaúcho, paulista, mineiro e carioca, o gaúcho bate, o paulista apanha e o mineiro tenta apartar. O carioca fugiu

O barato custa caro

O diabo faz a panela, mas não faz a tampa

O galo aonde canta, aí janta

O mundo dá muita volta

O que eu não aprendi dentro do galpão, aprendi atrás do galpão

O que não tem remédio, remediado está

O que urubu não conhece, não come

O sol é o poncho do pobre

O tatu procura sempre o seu buraco

Onde há fumaça, há fogo

Onde se viu o cavalo do comissário perder a corrida?

Ovelha não é para o mato

Papagaio come milho periquito leva a fama

Para uma bofetada, uma facada

Partida de parelheiro, sentada de sendeiro

Passar a lingüiça na farinheira

Passinho de quem não quer peidar

Pata de galinha nunca matou pinto

Pau que nasce torto, morre torto

Peido de encher bombacha

Pela boca morre o peixe

Pode tomar o mate que os micróbios são de casa

Pra apertar meus fundilhos, só mão de china

Pra besteira e financiamento do Banco do Brasil, sempre se dá um jeito

Praga de urubu não mata cavalo gordo

Quando a esmola é grande, o pobre desconfia

Quando estiveres para embrabecer, conta três vezes os botões da tua roupa

Quando falares com homem, olha-lhe para os olhos, quando falares com mulher, olha-lhe para a boca e saberás como te haver

Quando o carancho está infeliz, não há árvore que o agüente

Quando se pega na rabiça do arado, deve-se ir até o fim do rego

Quem a seu inimigo poupa, nas mãos lhe morre

Quem com cães se deita, com pulgas se levanta

Quem com crianças se deita, amanhece mijado

Quem comer a carne, que roa os ossos

Quem compra o que não pode, vende o que não deve

Quem cospe para o ar, no rosto lhe cai

Quem deve a Deus, paga ao diabo

Quem diz o que quer, ouve o que não quer

Quem dorme na soga, amanhece com fome

Quem é lerdo, não come pirão

Quem é ruim, não encontra capão para pouso

Quem é vivo, sempre aparece

Quem faz o cavalo é o dono

Quem muito fala, pouco faz

Quem muito jura, muito mente

Quem muito se agacha, a bunda lhe aparece

Quem não arrisca, não petisca

Quem não campeia, não acha

Quem não chora, não mama

Quem não gosta de barulho, não amarra porongo nos tentos

Quem não me apóia, não come bóia

Quem não te conhece, que te compre

Quem não tem bunda, não se senta

Quem ordenha bebe o apojo

Quem quiser guabiju, que sacuda o galho

Quem tem medo, não amarra negro

Quem tem vergonha, morre de fome

Quem trepa vestido é padre e tartaruga

Quer moleza, come minhoca que não tem osso

Roupa suja, lava-se em casa

Saco vazio não se põe em pé

Santo de casa não faz milagres

Se estou de bem com a abelha mestra, não me importo que o enxame ronque

Se faz de leitão pra mamar deitado

Se faz de leitão vesgo pra mamar em duas tetas

Se faz de petiço pra comer milho sovado

Se tatu visse, carreira não dava

Se tem muito dinheiro, coma num cocho

Seco e magro que nem pau de virá tripa

Segredo em boca de mulher é manteiga em focinho de cão

Só fala inglês pra comprar boi

Soldado velho não se aperta, e quando se aperta, deserta

Tanta fome que a coalheira enrolou no espinhaço

Tanta fome que a tripa grossa comeu a tripa fina

Tiro dado, bugio deitado

Toda mulher deve lutar pela sua igualdade, desde que não interfira no serviço da casa

Touro em campo estranho é vaca

Touro em rodeio alheio é vaca

Traíra quando não tem que comer, come os parentes

Traíra velha só come lambaris

Um salto de assustar cusco

Vaca de campo não tem touro certo

Vaca de rodeio não tem touro certo

Vaso ruim não quebra

Velho é como forno: se esquenta pela boca

Vergonha é roubar e não poder carregar.

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